“Os professores primários das escolas públicas deixaram de receber salários,
os arquitetos viram seus negócios cair para um quinto do nível de 1928, milhões
de pequenos comerciantes faliram, e os agricultores, especialmente nas culturas
de produtos básicos, sofreram com extraordinária intensidade.
A Depressão atirou para a pobreza e a ociosidade aqueles que trabalhavam
em áreas marginais, sensíveis ao ciclo de negócios: barbeiros e cabeleireiros,
pessoal de estabelecimentos recreativos, músicos, agentes de viagens,
jardineiros etc. Para todos esses, a Depressão significou fome, desnutrição,
doença, desmoronamento de planos e esperanças, uma descida as condições melancólicas
e sombrias de ter de lutar para sobreviver.
Como a América era o lugar onde o amor-próprio estava intimamente ligado à
capacidade de ganhar dinheiro, o ônus psicológico de não ter lugar na economia
foi pesado. Para milhões de americanos, a depressão significou o fim de um período
útil de vida,precipitando um tempo de angústia.”
OTTIS JÚNIOR, Graham. Anos da crise. In: Leuchtenburg, William E. O século
inacabado – a América desde 1900. Rio de Janeiro, Zahar, 1976.